A esquecida obra-prima de Balzac
Sem
dúvida alguma, Honoré de Balzac foi um dos escritores mais produtivos e
conceituados de sua época e lembrado até hoje por diversas razões. Quem nunca
ouviu a expressão mulher balzaquiana? Seu maior triunfo em vida foi “A Comédia
Humana” que possui 95 romances, contos e novelas sobre os mais diversos
aspectos da sociedade francesa. Um autor muito detalhista em suas observações e
também é considerado o fundador do Realismo na literatura moderna.
Mesmo
produzindo uma obra vasta, há um livro diferente do seu padrão habitual e que
destoa da Comédia Humana trazendo uma abordagem e um tema nada comum para a
época: a possibilidade da vida após a morte. Mesmo para alguém conceituado era um
assunto espinhoso no século XIX e, mesmo assim, escreveu uma obra-prima, hoje
esquecida, chamada Luís Lambert.
Toda
a narrativa psicológica de Balzac foi transportada para um ambiente onde o
personagem central, o próprio Luís, fala do poder da vontade e da força do
pensamento, assim como assuntos transcendentes quanto à “alma” e suas
faculdades. O assunto principal da obra é o fato de Luís Lambert deixar seu
corpo, ainda em vida, para se aventurar em uma jornada pessoal pelo chamado
mundo espiritual. O personagem passa dias numa espécie de transe enquanto sua
consciência viaja em outras dimensões com a proteção da mulher que o compreende
e resguarda seu corpo.
É
considerado um livro essencial pelas reflexões que Balzac se arrisca sobre
temas obscuros, até mesmo nos dias atuais, de modo direto e pontual. Em algumas
passagens afirma que a personalidade capaz de sair do corpo deveria ser chamada
de Homo duplex e até propõe que
futuramente haveria uma ciência para estudar tais ocorrências. Também cita
personalidades históricas como Buda, Jesus e muitos outros como, por exemplo,
Emanuel Swedenborg que foi um erudito e espiritualista sueco que narrou
diversos fenômenos “sobrenaturais” e até escreveu sobre viagens extracorpóreas.
Para
um autor que basicamente descreve a França e seus hábitos sociais, soa
divergente sua fala que afirma que existe o mundo Natural, Espiritual e Divino
e a natureza do homem sendo a do progresso e da evolução. Mas podemos entender
de onde o autor tirou inspiração para mergulhar nessa temática? Apesar de a
resposta ser controversa existe autores que supõe ser o próprio Balzac materializado
na figura de Luís Lambert e faria o livro ter certo tom autobiográfico. Apesar das
especulações uma coisa é certa: está à frente do seu tempo.
Fenômenos
que relatam a vida após a morte ficaram mais populares na sociedade atual pelos
relatos e estudos, por exemplo, da EQM ou Experiência de quase morte onde
pessoas que estiveram no limiar da vida relatam passagens por túneis de luz,
encontro com pessoas mortas e jornadas além do mundo físico com uma riqueza de
detalhes impressionantes que desafiam a medicina moderna. Muitos casos se
assemelham como a do próprio Lambert.
Um
episódio notório, ocorrido recentemente, foi do doutor Eben Alexander III, um
neurocirurgião de Harvard de renome internacional, que passou por uma experiência
de EQM em que narra uma saída extracorporal impressionante e que deu origem a
obra intitulada “Uma prova do céu”. O livro tornou-se um best-seller, não
apenas pelas incríveis experiências que teve, mas por alguém de peso da
neurociência ser capaz de afirmar que não se trata de alucinação, mas um evento
real.
Teria
Balzac antecipado esse tipo de estudo científico dos dias atuais?
Provavelmente, sim. Outra linha de pesquisa recente é a própria Projeciologia
que se dedica ao estudo específico dessas experiências fora do corpo, não
apenas da EQM em si, e que possui até um tratado científico com autoria de
Waldo Vieira. A Projeciologia foi originada no Brasil e atualmente possui
pesquisadores em inúmeros países pelo mundo. O que Luís Lambert viveu parecia
mero acaso ficcional que, no entanto, vem sendo investigado seriamente.
Mesmo
com tantas frentes de estudo o tema ainda causa surpresa e estranheza para a
população em geral. Mesmo hoje, qualquer relato de retorno a vida, de
visualização de pessoas falecidas, saídas do corpo e similares parecem desafiar
o bom senso. Afinal, buscar a compreensão ou prova de que a vida não é apenas
material e transcende a biologia básica não é tarefa fácil. Então, idealize as
caretas recebidas por Balzac no século XIX.
Entretanto,
todo esforço do autor não foi ser o dono da verdade ou propor uma nova
religião, nada disso. Com naturalidade, navega de modo racional e questionador
sobre a essência da vida e seus diversos aspectos ainda desconhecidos. Em uma
passagem afirma, por exemplo: “No mundo,
tudo é produto de uma substância etérea,
base comum de vários fenômenos conhecidos pelos nomes de eletricidade, calor,
luz, fluído galvânico, magnético, etc. A universalidade das transmutações dessa
substância constitui o que chamamos
vulgarmente de matéria.”
Estaria
Balzac já antecipando várias pesquisas da Física Quântica que vem
revolucionando o pensamento humano com seu mundo peculiar de átomos, “cordas
vibracionais” e a afirmação de que o universo possui várias dimensões? A
própria Física de Einstein afirma que tudo no universo é energia que está modulada
em diferentes contextos. A física moderna está indo para caminhos cada vez mais
exóticos e totalmente ignorados tempos atrás.
Naturalmente,
a sociedade parisiense da época de Balzac não tinha como supor que tal obra
abordaria temas que futuramente fossem cada vez mais populares por desafiar
nossa compreensão sobre a vida, a morte, os fenômenos parapsíquicos e a
natureza humana em si. Mesmo com sua representatividade atual são poucos que já
ouviram falar de Luís Lambert e dessa obra prima desconhecida. Será que a
sociedade continuará ignorando certos assuntos dentro da nossa “comédia humana”?
Esse texto traz
apenas informações básicas.
Estude! Se aprofunde
mais no assunto!
E não acredite em nada. Experimente!
Por Alexandre Pereira.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir