Caso de assistência nas drogas e prostituição

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Em um dos grupos onde jogava bola fiquei conhecido como “professor”. Entre os que sempre apareciam tive naturalmente mais afinidade com duas pessoas bem humoradas. Um deles não tinha dúvida que já conhecia de um passado longínquo e, justamente essa pessoa, em certo dia, ao final das partidas quando já íamos embora, me pediu para conversarmos em particular.

Disse resumidamente que estava precisando de ajuda para uma questão familiar e perguntou se podia ajudá-lo, pois não tinha carro ou moto. Entretanto, achei que ele parecia sem jeito de pedir, pois estava diferente do habitual. Foi apenas no trajeto, já dentro do carro, que comecei a entender a situação-problema.

Quando fui ouvindo o pouco que me disse, acabei me surpreendendo por me escolher para esse tipo de auxílio. Tínhamos certa afinidade natural, mas não pensei que tivesse certa confiança espontaneamente. Refletindo depois, também percebi que naquele grupo boa parte dos jogadores era uma molecada ainda descompromissada e inexperiente.

Ele explicou que sua irmã estava se envolvendo com drogas e a família deles, que era pequena, estava muito preocupada. Senti, na verdade, que estavam desesperados. Só de falar em drogas era nítido que estava constrangido e desconfortável tanto que nem me senti a vontade de perguntar para saber detalhes de tudo que estava ocorrendo.

Ele indicou o caminho e chegamos num local cheio de ruas escuras, bem estranhas e com várias garotas de programa em várias esquinas. Eu estava tenso por estar ali naquelas quadras voltadas à prostituição. Afinal de contas e se alguém me visse? Segui dirigindo bem devagar enquanto ele olhava as “garotas” com calma. Senti que num lugar daqueles não seria novidade se fossemos assaltados.

Depois de um tempo rodando pela noite naquele local com baixa iluminação, típico de um submundo, me pediu para encostar perto de uma esquina. Ele desceu e foi até três garotas e ao chegar foi logo conversando com uma delas. Depois de discutirem por certo tempo, eles entraram no carro. Ele me apresentou (prefiro não citar nomes) e ela continuou com o rosto fechado. Ela tinha 22 anos, um lindo rosto, e notei que além da pouca roupa certamente estava chapada.

Levei-os até a sua residência e ao chegar lá meu amigo me cumprimentou sem jeito e agradeceu pela força. Nem precisou dizer que a própria irmã estava se prostituindo para manter seu vício. Ele nunca comentou nada sobre a prostituição e, na realidade, não tinha o que ser falado. Há obviedades que não precisam de tradução.

Ao chegar em casa e rever tudo que tinha se passado, pensei que se um dia me pedisse o mesmo favor iria agradecer e dizer que não faria mais. No entanto, uma “ideia relampejante” adentrou minha cabeça, notadamente do amparo extrafísico, me questionando se eu não podia fazer assistência em locais mais pesados. Também me disse que a assistência precisa ser feita em todos os lugares, independente do julgamento que eu fazia.

Em resumo, entendi o que tinha acontecido: um amigo me pediu ajuda para resgatar sua irmã na baratrosfera.  Depois disso a vergonha da auto-imagem não foi mais um problema e não mais reclamei mentalmente de qualquer ajuda que ele me pediu, muito pelo contrário. Inclusive, essa foi a primeira viagem de muitas que faria com ele e até mesmo sozinho em busca dela.

Entre uma série de buscas foram feitos muitos “resgates” naquelas ruas. Nos próximos meses, de tempos em tempos, sempre íamos juntos atrás dela geralmente nos finais de semana até que um dia, no meio da semana, ele pediu se não podia ir sozinho ver se estava por lá. Com o passar do tempo bastava ela ver o meu carro para se esconder, mas falavam se ela estava andando por lá.

Algumas vezes ela estava na boca de fumo, mas não sei o motivo que nunca fomos lá. Alias, nunca soube onde ficava esse ponto de droga. Suspeito que além do lugar ser muito perigoso, provavelmente um carro desconhecido traria muitos problemas. Ele pedia para um conhecido dele ir até a boca de fumo ver se estava por lá. Como é degradante ver o que a droga fez com uma garota até então sem nenhum histórico de rebeldia, segundo me disse.

Nesse processo pude tirar muitos esclarecimentos e fazer muitas ponderações. Um ponto que ficou muito claro é o quanto essas pessoas mentem para si mesmas, pois em pouco tempo ficaram nítidas as pequenas mentiras e as justificativas furadas para o que faziam. Sobre a prostituição, por exemplo, fui procurar alguns documentários, entrevistas e outros materiais e achei algumas respostas semelhantes:

- Várias garotas de programa dizem que vendem o seu tempo. Isso mesmo! Elas dizem que existem clientes que querem apenas conversar e procuram relações sem sexo. Entretanto, essa é mais uma justificativa equivocada nesse ambiente de mentira que vivem. Elas vendem o seu corpo e não apenas o tempo! Essa é a realidade e esse tipo de argumentação distorcida está em todos os seus aspectos dessa “profissão”. As mentiras, desde as pequenas até as gritantes, acabam se tornando ilusões.

Outro ponto marcante foi o cheiro que ficava no carro depois que tudo terminava. Mesmo lavando por dentro ficava um odor, uma essência barata que impregnava o interior. Deve ter um componente energético misturado a tudo isso para que ficasse daquela forma nojenta (sinto muito pela sinceridade). Seja lá o que é usado me dá asco ainda hoje ao ter contato com cheiro ainda que semelhante.

Apesar de tantas jornadas até aquelas ruas obscuras nunca deixei de sentir certa vergonha de estar ali, rodando por aquelas esquinas. Felizmente, durante todo esse processo não encontrei com nenhuma pessoa conhecida, pois imagine até explicar que “focinho de porco não é tomada”. Penso que todo esse contexto tem alguma relação com as assistências que fazia no mesmo período no Jardim Noroeste (conforme descrevi em outro texto - link aqui).

Diz-se que é na assistência que aprendemos e posso dizer que pessoalmente foi enriquecedor em vários aspectos (projeções, tenepes e iscagens). Por fim, soube que a menina acabou se mudando a força e contrariada para uma cidade do interior na tentativa de estancar o vício. Fora isso, não tive mais noticias do que aconteceu. Desde que voltei a Campo Grande não consegui encontrar mais meu “amigo de resgate”. Meus desejos é que estejam todos bem.

Falando em desejos, torço para que as pessoas que tenham algum envolvimento com as drogas e com a prostituição possam sair desse meio e voltar a serem livres. Que a desintoxicação e o desassédio um dia cheguem antes da morte prematura ou da contaminação por alguma doença letal. Espero que saiam da mentira e do auto-engano enquanto haja tempo. E desejo especialmente que um dia possam encontrar o amor e viver com alguém uma vida com sexualidade madura e afetividade sadia. Que tenham as melhores energias e o discernimento para se permitirem serem ajudados.

Agradecimentos aos amparadores pela possibilidade de ver de perto esse tipo de realidade aqui na dimensão intrafísica.


Este texto traz apenas informações básicas.
Estude! Se aprofunde mais no assunto.
E não acredite em nada. Experimente!

Por Alexandre Pereira.



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