Projeciologia - Uma Neociência nascida no Brasil
Entrevista para a revista Ano Zero
Waldo
Vieira é médico, pesquisador e veterano das chamadas Experiências Fora do Corpo. Dirige o mais importante centro mundial
de estudos sobre projeção astral, o Instituto Internacional de Projeciologia
do Rio de Janeiro. Membro da Society For
Psychical Research de Londres, e da American
Society For Psychical Research de Nova Iorque, entre outras, Waldo resumiu
tudo que se sabe sobre o assunto num volume com mais de 900 paginas. O livro “Projeciologia”
está hoje espalhado por todo o mundo. Dois desses exemplares encontram-se na
estação brasileira de pesquisas científicas na Antártida. Alguns pesquisadores
ali baseados buscam alívio para a solidão dos longos dias e noites do Pólo Sul
visitando suas famílias através de viagens astrais.
Waldo, o
que a Projeciologia estuda?
A projeção
consciente e seus fenômenos correlatos. A projeção é uma experiência
extracorpórea que também chamamos desdobramento lúcido, viagem astral, projeção
astral, O.O.B.E (out-of-the-body experience). Mas a coisa não se restringe à
experiência em si. A Projeciologia visa o autoconhecimento profundo. Ele evita
que o misticismo religioso, o fanatismo, a ignorância ou que qualquer tipo de
superstição nos tire a liberdade individual de manifestação. Nada de lavagens
cerebrais ou quaisquer tipos de sacralização. O fanático é interferente,
radical e quase sempre desrespeitoso. Livre desses condicionamentos a pessoa
cresce como ser humano e percebe que deve respeitar os outros.
Quer dizer
que a Projeciologia é contra a doutrinação?
Nós
respeitamos todas as doutrinas, mas o conceito principal do nosso estudo é:
“Não acredite em ninguém e em nada. Experimente”. Parece uma afirmação
materialista, ma não é. Pelo contrário, é espiritualista, porque nós estamos
exaltando a consciência. A pessoa deve viver a experiência direta e por conta
própria. Através de sua vivência, única e personalizada, ela vai superar o
obstáculo da inciência, ou seja, a ignorância a respeito de si mesma.
Aparentemente
isso afasta a Projeciologia do que, em geral, se entende por pesquisa
científica.
Nós apenas
não estamos presos ao mecanismo do paradigma newtoniano-cartesiano, que é
materialista e fisicalista. Isto não significa, necessariamente, a negação da
Ciência. Pelo contrário, nós precisamos dela. Aliás, de todas as linhas do
pensamento humano, ela é a menos pior. A Ciência só não é ainda ideal porque
não tem respeitado a ética tanto quanto se poderia esperar. Veja os problemas
que o mundo enfrenta no momento, principalmente na área da ecologia.
Mas isso é
causado pela Ciência ou pelo uso inadequado dela?
A
administração também é uma ciência. É por aí, geralmente, que nos afastamos da
ética. É necessário que tenhamos autocrítica para conquistarmos a liberdade de
determinar a trajetória da sociedade.
O que é
projeção astral?
O homem se
compõe de várias camadas superpostas de energia chamadas “corpos”. O corpo
físico é a camada percebida pelos sentidos físicos, o que não impede a detecção
das demais através de vários processos. A sede da individualidade, da
inteligência, encontra-se no corpo físico quando todas as demais camadas estão
em coincidência, isto é, quando a pessoa está acordada. Com o sono, é como se o
corpo ligasse o “piloto automático” das funções autônomas, e a sede do eu,
juntamente com as outras camadas, sai do corpo físico. As funções normais do
indivíduo estão inibidas pelo sono e tudo se passa como se nada tivesse
acontecido. O que pode ocorrer é que a pessoa, de repente, se ache “boiando”
pelo quarto, como um balão, ou observando o seu próprio corpo adormecido. Quase
sempre esse fenômeno ocorre espontaneamente e quem o experimenta, muitas vezes
evita comentá-lo, com medo da reação dos outros. A projeção astral é muito
comum na adolescência. Quando o jovem conta aos pais que fez uma projeção,
geralmente eles tentam tranqüilizar o filho procurando convencê-lo de que tudo
não passou de um sonho. Em certos casos, procuram imediatamente um médico.
Atualmente, com a maior divulgação dos estudos sobre esse tipo de fenômeno,
ficou mais fácil falar do assunto sem correr o risco de ser internado numa
clínica.
Em linhas
gerais, o que se deve fazer para experimentar uma Projeção astral?
Não se deve
tentar sem conhecimento ou assistência competente. Mas não é tão difícil de ser
conseguida quanto parece. Todos nós realizamos a projeção astral
involuntariamente a noite durante o sono. As instruções elementares,
ministradas em nosso curso, são simples. De início, é preciso aceitar o fato de
que o seu limite não se restringe ao corpo físico. A força inibidora mais
poderosa está justamente nesta falsa noção. É preciso também aprender a
relaxar. Há vários métodos para isso. O mais comum consiste em deitar-se de
barriga para cima usando roupas leves e sem cobertores. Em seguida inclinar
levemente a cabeça para o lado, para evitar a boca aberta durante a projeção.
Isto impede que a garganta fique ressequida. Deve-se concentrar a atenção em
todas as partes do corpo, verificando se elas estão livres de tensão. Não é
muito fácil, mas com exercício constante se pode obter rapidamente o
relaxamento. Este processo deve principiar a partir dos pés, até o couro
cabeludo. Os músculos devem ser relaxados individualmente. Em seguida, conte de
50 até 1. É necessário manter a respiração compassada, procurando esvaziar a
mente e concentrar-se exclusivamente nos números. É fundamental também que não
exista qualquer sentimento de culpa por não conhecer profundamente a si mesmo.
Isto acontece apenas porque você foi programado desde que nasceu para viver
encarcerado em seu próprio corpo.
Outra
questão básica é saber quando estamos acordados ou dormindo. Pode parecer tola
esta observação, mas, em certas circunstâncias, a coisa não é muito fácil.
Conseguindo distinguir se estamos acordados ou dormindo, um grande passo já foi
dado. Recomendamos então, que a pessoa repita, durante um mês, pelo menos umas
20 vezes ao dia, a seguinte pergunta: “Eu estou dormindo ou estou acordado?”.
Depois, responda: “Eu estou acordado”. Esta pergunta deve ser feita cada vez
que você mudar de ambiente. Através dela o raciocínio acostumara sua mente a se
conscientizar permanentemente do estado de vigília. Em geral, na terceira
semana deste exercício você terá a surpresa de se perguntar “estou acordado ou
dormindo?”, e responder “meu corpo está dormindo mas eu continuo acordado”.
Você estará fora do corpo e não teria percebido isso antes. Quando isto
acontece, deve-se controlar os sentimentos de medo ou euforia. Não há, em
hipótese alguma, perigo de prejuízo para o seu corpo durante uma saída. Nenhuma
força de ordem espiritual pode tomar posse do seu corpo em sua ausência. O que
pode acontecer é um fenômeno comum às primeiras experiências: o desinteresse
temporário pela vida física e suas dificuldades cotidianas. Mas isso, quando
ocorre, é passageiro. Logo a pessoa aprende a dar o devido valor ao milagre da
vida e à prestigiosa oportunidade de ocupar essa maquina fantástica que é o
corpo humano.
Afinal,
como foi que tudo começou?
Aos 9 anos,
eu tive uma projeção consciente, comprovada pela família e pessoas ligadas a
ela. Meu irmão estava muito doente, já desenganado pelos médicos. Ficou provado
que eu tinha saído do meu corpo, ido até o quarto ao lado e visto, não só o que
estavam fazendo com meu irmão, como também o que iria acontecer com ele. Dai em
diante, muitos outros fatos semelhantes foram acontecendo, cada vez mais
freqüentes. Com o passar do tempo, comecei a dominar o processo. Nessa época,
eu tinha uma visão essencialmente espírita do fenômeno. Editei, juntamente com
Chico Xavier, vários livros psicografádos que ajudaram a divulgar o espiritismo
por todo o País e o exterior.
Sua família
era religiosa?
Era
espírita. Minha formação começou com aulas de moral cristã kardecista. Logo fui
mergulhando num conflito muito grande, porque a exaltação da mediunidade é
parte integrante do movimento espírita. E eu falava pra todo mundo: “Olha, é
bom que, ao invés de mediunidade, vocês entrem no desdobramento”. Sair do corpo
e ir lá, ver a coisa diretamente. Se podemos eliminar o intermediário, por que
ficar dependente de uma entidade que se manifesta por um médium? Eu já tinha
retrocognicões desde menino, recordação de encarnações passadas, com muita lucidez.
Foi aí que conclui: estou repetindo o que já fiz. O contexto era o mesmo, mas o
cenário e a linguagem eram diferentes. Quando cheguei a esse nível, pensei:
outras pessoas devem estar passando por isto. E comecei a procurá-las.
Conversava com muita gente e desde os 17 anos passei a anotar num caderno,
dados sobre projeção astral. Minha família tinha poucos recursos. Sai de casa
aos 12 e nunca mais voltei porque pretendia pagar os meus estudos e os dos meus
irmãos. Fui para Uberaba. Enquanto estudava, comecei a trabalhar com Mário
Palmério, que hoje é um escritor de renome. Fiz curso de Odontologia e depois
de Medicina. A partir dos conhecimentos adquiridos, tive condições de
desenvolver um estudo mais consciente dos fenômenos chamados paranormais. A essas
alturas, comecei a viajar por todo o Brasil, sempre pesquisando e trocando
idéias. Passei a ver a projeção astral como um fenômeno fisiológico, assim como
comer ou respirar. Decidi me dedicar ao seu estudo específico aos 34 anos, em
1966. Larguei tudo para dedicar-me em tempo integral à projeção. Publiquei
trabalhos e passei a fazer parte das sociedades internacionais de
parapsicologia da Europa, Estados Unidos e América Latina.
Qualquer
pessoa pode ser capaz de realizar uma projeção astral?
Sem dúvida.
É uma conquista inarredável. Qualquer pessoa é um “projetor”.
Há alguma
pesquisa que comprove isso?
Segundo as
estatísticas internacionais, 89% das pessoas têm projeções inconscientes, pois
quase todo mundo sai do corpo enquanto dorme. Restam 11%. Destes, 9,8% têm as
chamadas projeções semiconscientes, ou o “sonho lúcido”. É quando o sujeito
sabe que está sonhando e chega mesmo a imprimir alguma intenção ao sonho para
modificá-lo. Ele está fora do microuniverso consciencial localizado no corpo
humano. Somente 1,2% da população mundial consegue efetuar projeções totalmente
lúcidas, ou seja, são projetores conscientes. É o caso da maior parte das
pessoas que trabalham aqui no Instituto.
Como são
comprovadas as projeções?
Uma pessoa
faz uma projeção e sua consciência vai, por exemplo, até uma outra cidade, onde
alguém conhecido está realizando alguma tarefa. Telefonamos, então, para essa
pessoa e confirmamos se na hora tal ela estava fazendo o que foi percebido pelo
projetor, se estava usando uma roupa assim-assado, etc. Às vezes, durante as
projeções, a visão é impressionantemente detalhada. Isso é sempre estarrecedor
para quem tem pouca experiência. Trata-se de um fenômeno que convence por si
mesmo.
Quais os
principais objetivos da projeção?
Ela não é
nenhuma panacéia, mas as suas possibilidades podem ser vislumbradas: o
autoconhecimento em sua totalidade, a possibilidade de viajar no tempo e no
espaço sem barreiras, o acesso às diversas dimensões da realidade, o contato
com entidades de todos os níveis de esclarecimento, a capacidade crescente de
doação de energia para os necessitados… Muita coisa que aponta para um
universalismo abrangente e iluminado.
A projeção
astral poderia ser utilizada por pessoas de interesses duvidosos?
O
imediatismo do nosso mundo doentio poderia desviar o sentido da pesquisa. Por
exemplo, penetrar em locais estratégicos em busca de segredos militares ou
industriais, espionar a vida alheia, procurar meios que permitam o
enriquecimento rápido, como descobrir informações confidenciais no mundo dos
negócios, da bolsa de valores, etc. Felizmente, as saídas do corpo são
monitoradas por espíritos iluminados. Eles nos ajudam a compreender a
transitoriedade das coisas terrenas. Alguns desses seres que executam essa
tarefa são os “serenões”.
O que é um
serenão?
Ao longo
das minhas “viagens”, estive nos lugares mais surpreendentes, como outros
planetas e outras dimensões. Acabei tendo contato com toda sorte de entidades.
Algumas, ainda mergulhadas na ignorância, parecem foragidas de filmes de ficção
científica. São normalmente doentias e traumatizadas por experiências violentas
vividas na vida física. Por outro lado, tive a oportunidade de entrar em
contato com seres desenvolvidíssimos, tranqüilos e despojados de dogmas
religiosos, identidades nacionalistas, doutrinações, etc. Escolhi o nome de
serenão para designá-los por causa de sua aparência de beatitude dinâmica. Os
serenões existem desde o aparecimento da humanidade na terra. Assim como os
homens, eles vieram, em levas espirituais sucessivas, de vários recantos do
universo. Estão completando o círculo reencarnatório e desenvolveram uma
cosmo-ética aperfeiçoada, baseada principalmente no amor universal, na ajuda
impessoal ao próximo. Honrarias e paixões já não têm sentido em seu plano
vibratório. Os serenões são absolutamente anônimos e não buscam recompensa para
os seus atos.
Podemos
evoluir até esse nível?
Sim, eu
poderia resumir a nossa evolução em 4 níveis. Primeiro o nível medíocre:
consciência sonambulizada, presa à roda comum das encarnações compulsórias
sucessivas. Segundo, o amparador: aquele que, conscientemente, num constante
trabalho, assiste aos seres encarnados e as entidades desencarnadas. Terceiro,
o pré-serenão: quem já vive as suas últimas encarnações mas ignora as demais.
Quarto, o serenão: aquele que vive suas derradeiras encarnações plenamente
consciente deste fato. Após essas fases, o espírito estará puro, isto é, livre
da ciranda encarnatória.
A projeção
é uma experiência recente?
Não. Havia
gente saindo do corpo há muito mais de dois milênios, como está registrado na
Bíblia. Também há registros de que a projeção tem acontecido freqüentemente
durante as experiências de quase-morte.
O que é a
quase-morte?
Fála-se
muito, hoje em dia, das experiências de quase-morte, quando o moribundo acaba
tendo uma saída do corpo com intensidade espantosa. Depois disto o doente
geralmente se restabelece e, a partir dai, nunca mais será o mesmo. A maioria
passa a desenvolver poderes psíquicos paranormais que até então nunca se haviam
manifestado. Há uma publicação internacional especializada neste assunto e que
circula há sete anos. Mas a quase-morte é apenas uma das 52 manifestações da
projeção astral.
Essa
experiência tem limites?
A
consciência tem como conquista evolutiva mais preciosa o nível de sua lucidez.
A Projeciologia visa a lucidez em qualquer estado consciencial em que
estivermos nos manifestando, dormindo ou acordados. O ideal é estar consciente
24 horas por dia.
Por que nem
todos os médiuns buscam desenvolvimento através da Projeciologia?
Provavelmente
tratasse de um problema de egrégora. As pessoas, em geral, seguem uma tradição
e não conseguem sair com facilidade dela. Isso coagula o pensamento, tornando-o
neófobo.
Não seria
aquela coisa de que o homem agride o que não conhece?
Exatamente.
É neofobia, o medo do novo. Hoje, no entanto, a psicologia já admite tudo.
Kune, o grande cientista da revolução do paradigma, diz que, para haver mudança
de modelo em certas áreas do conhecimento, e necessário que pelo menos uma
geração desapareça, porque as pessoas estão presas ao processo de idéia fixa.
Em Projeciologia chamamos isso de monoideísmo.
Até que
ponto a Projeciologia desafia a tradicional pesquisa cientifica?
O que
fazemos aqui e utilizar a consciência como instrumento. Não estamos preocupados
em que a ciência convencional saia do dilema no qual entrou. Comprovadamente,
nós saímos do corpo humano e vemos que, em outra dimensão, podemos dispor de
muitos outros veículos de manifestação. Só que nosso instrumento não é
material, é consciencial. Não é possível “medir” o fenômeno da projeção em
termos científicos.
De que
argumentos se serve a Projeciologia para se proclamar uma neociência?
É como o
ovo de Colombo. Não dispondo de instrumentos para analisar a consciência,
utilizamos a própria consciência como instrumento. A ciência convencional não
admite que você faça a a experiência em você mesmo, ou seja, a introversão.
Aqui no Instituto, cada um escuta a própria consciência, raciocina, aprende com
ela, e troca esse conhecimento com outros. Aí se chega a um consenso, como uma
solução holística para o dilema mente versus matéria. A Projeciologia permite
superar a divisão entre cérebro e consciência.
A ciência
tradicional demonstra alguma dificuldade de aceitar a Projeciologia?
Isso não é exatamente uma
preocupação nossa. Há muito tempo a ciência deixou de estudar o fenômeno da
consciência. Ela deveria ter a obrigação de estudar qualquer tipo de fenômeno
envolvido nesse processo, mas não tem instrumentalidade para tanto. Tínhamos de
optar por seguir a ciência assim mesmo ou buscar outra forma de procedimento.
Então resolvemos adotar o caminho cientifico. Nossa maior afinidade com a
ciência é que, apesar de todos os seus senões, ela exige refutação. Vocês podem
ver o lembrete que ostentamos aqui no Instituto: “Não acredite em nada do que
lhe dizem, nem mesmo o que é dito aqui. Experimente.”
Entrevista realizada por Marcos Guttmann.
Assim caminha a Humanidade. Com passos de formiga.
ResponderExcluirA Projeciologia e Conscienciologia trazem métodos e técnicas q podem colaborar com qq ser humano a ampliar o autoconhecimento para se tornar mais íntegra consigo mesma e mais feliz com os demais.