O hábito de remendar o que está quebrado
Há duas condições terríveis que um ser humano afetivo
pode passar: amar alguém que só faz mal e se enganar dizendo que ama um
relacionamento que “não pode ser desfeito”. Nas condições do afeto é difícil
dar palpites ou conselhos quando tudo é uma questão interna. Conduto, parece
uma batalha perdida em insistir continuamente em remendar o que já se sabe
intimamente não ter consertado.
Há remendos que são necessários e remendos negativos.
Sábio é quem sabe o momento de parar e o momento de investir sem que seja uma
decisão de cunho meramente emocional. Afinal, suas decisões são racionais ou
emocionais? Apesar de sermos humanos (homo sapiens) a maioria das escolhas é
fruto da emoção e de como se lida com determinada situação. Até mesmo os
assuntos polêmicos e complicados normalmente são defesas emocionais e não
decisões técnicas.
As pessoas têm paixões enormes, mesmo essas paixões
sendo tóxicas. Para essa condição se denomina ectopia afetiva. Ou seja, é o
amor pelo doente, pelo errado ou o que é patológico. Há milhares de amores
errados quanto a pessoas, objetos e situações. Pense no caso de quem não
consegue largar a droga que acaba por matá-lo lentamente. Há amores errados
irremendáveis, pois já estão desestruturados por natureza. É amor permanecer
com quem apenas o machuca?
Na vida é preciso fazer alguns ajustes, consertos
fazem parte. Entretanto, o remendo enquanto hábito evidencia que algo está
errado. Viver uma relação abusiva que traz só tormenta não é a resposta para
nada. Passar os anos como um “remendador” destrói a autoestima e o valor
próprio ao se comportar como um escravo sentimental. Será a pessoa capaz de
remendar a si mesma depois de tanto tempo tentando remendar uma relação
quebrada?
Quem vive juntando os próprios cacos emocionais está
mais perto das trevas do que a luz do amor libertador. Uma relação amorosa de
excelência infelizmente ainda são exceções. Boa parte das pessoas finge não
apenas para o grande público, mas sobretudo para si mesmo. E desse modo vão
seguindo os dias como se não tivessem outras alternativas ou esperança de uma
mudança maior. Preferem a certeza dos remendos ao invés do desconhecido longe
da zona de conforto.
Para quem está dentro de um buraco pouco importa a sua
profundidade. O caminho do desconhecido tende a ser diferente e, ainda seja
ruim, sempre haverá uma nova chance de recomeço. Que tal um fosso menos fundo
ou quem sabe sair de toda forma de pobreza emocional? Quem está dentro de um
buraco precisa, no primeiro momento, parar de cavar. A saída dos problemas está
sempre acima de nossas cabeças, no horizonte ao qual a mente consegue alcançar.
Remende suas feridas, remende seu comportamento,
remende até o que não for seu. No entanto, não reclame se o universo não o
remendar de alguma forma. Afinal, de que adiante pedir uma solução ao cosmos se
nem ao menos o seu coração você dá ouvidos? E muitas vezes é melhor recomeçar
uma centena de vezes ao invés de ficar aprisionado na primeira armadilha. Um
conserto que nunca tem fim é uma forma de autocastigo?
Esse texto traz apenas informações básicas.
Estude! Se aprofunde mais no assunto!
E não acredite em nada. Experimente!
Por Alexandre Pereira.
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